Teóricos antigos, Charles Darwin, a genética e a ciência
moderna ainda não foram capazes de solucionar completamente os mistérios
relacionados à nossa evolução.
Existe sólido conhecimento produzido sobre os conceitos de evolução, mas o senso comum ainda desconhece a maior parte deles.
Confira uma lista com dez destes pontos obscuros.
10 – Por que não somos mais parecidos com os macacos?
Coloque lado a lado o DNA do homem e o do chimpanzé e você descobrirá
que existe uma diferença de pouco mais de 1% entre nós e eles. Até as
cadeias de cromossomos de ratos e camundongos, por exemplo, têm menos em
comum entre si do que nós e os outros primatas. Apesar disso, somos
muito diferentes.
A principal razão para isso é a própria genética. Quando se trata de
cadeias de DNA, uma ínfima mudança de ordem pode incorrer em uma grande
alteração no fenótipo. Apenas 1% difere entre chimpanzés e humanos, mas
estas alterações se espalham por 80% dos nossos cerca de 30 mil genes.
Dessa maneira, fica fácil haver duas espécies completamente distintas.
9 – Por que nos tornamos bípedes?
Os ancestrais do homem são bípedes há muito mais tempo do que se
imagina. Darwin sugeriu que o ser humano passou a caminhar sobre duas
pernas com o intuito biológico de deixar as mãos livres para a confecção
de ferramentas. Cientistas posteriores, no entanto, derrubaram essa
tese ao afirmar que o bipedalismo é 4 milhões de anos mais antigo que as
primeiras ferramentas, logo, uma coisa está desvinculada da outra.
Um exame evolutivo mais apurado, feito por vários pesquisadores,
mostra que há várias razões para que nós tenhamos deixado de ser
quadrúpedes. Em parte, pode haver vínculo com a velha seleção natural,
em que os bípedes levavam vantagem entre brigar melhor,
economia de energia ao se movimentar, etc. O bipedalismo teria começado
em árvores ou outros ambientes em que os quadrúpedes precisam de maior
habilidade de locomoção.
8 – Por que o desenvolvimento tecnológico foi tão lento?
Uma descoberta relativamente recente (há cerca de duas décadas), em
Afar, na Etiópia, mudou o modo como os cientistas enxergam a evolução
dos instrumentos manuais. Lascas de pedra neste local foram datadas de
2,6 milhões de anos, muito mais antigamente do que se imaginava. A nova
questão a intrigar os pesquisadores passou a ser o motivo de a revolução
tecnológica seguinte levar tanto tempo para acontecer.
Uma das razões foi o lento amadurecimento do sistema nervoso central.
Nos dois milhões de anos posteriores ao aparecimento das primeiras
ferramentas, o cérebro humano dobrou de volume, atingindo 900
centímetros cúbicos. Entre os ganhos neste aumento, incluem-se as
capacidades motoras, o que propiciou a evolução.
7 – Quando desenvolvemos a linguagem?
Anatomicamente falando, o Homo sapiens não foi a única
espécie do mundo a ter habilidade para a fala. Os Neandertais tinham
língua e estrutruras vocais e respiratórias próprias para a função de se
comunicar, e indícios apontam para a existência de fala na espécie há
cerca de 500 mil anos. O pontapé inicial da comunicação pode estar por
volta desta época.
Apesar de não propriamente falarem, no entanto, hominídeos que teriam
vivido na Terra algumas centenas de milhares de anos antes já
gesticulavam. Ainda antes da fala em si, seu corpo já apresentava um
órgão primitivo que se assemelhava a uma “caixa de voz”, e permitia a
emissão de sons altos.
6 – Por que nosso cérebro é tão grande?
Alguns primatas, durante sua linha evolutiva, desenvolveram fortes
músculos na mandíbula. Isso amplia a pressão sobre o crânio, inibindo o
desenvolvimento físico do cérebro. O ancestral do ser humano, há cerca
de dois milhões de anos, tomou o sentido contrário: uma mutação genética
favoreceu o crescimento do cérebro.
Pouca gente imagina, mas um cérebro bem desenvolvido é literalmente
faminto, ou seja, foi preciso que os hominídeos desenvolvessem uma dieta
mais rica em vários nutrientes (derivados da carne, inclusive) para
ampliar o próprio potencial.
5 – Por que somos pelados?
Uma ideia já levantada para o fato de os hominídeos terem perdido os
pelos foi o fato de entrarem mais na água (em rios e lagos). Com a
mudança de adaptação à temperatura externa, teríamos perdido a
necessidade de tanta “cobertura”. A teoria mais aceita, no entanto,
defende que nos livramos dos pelos porque estávamos superaquecendo, e
não nos resfriando.
Enquanto nos restringimos a florestas tropicais, onde a temperatura é
amena devido à cobertura vegetal, ser peludo não era problema. Mas a
partir do momento em que nossos ancestrais passaram a habitar áreas
abertas e com a mesma alta temperatura, o único artifício para
resfriamento corporal era o suor. Nesta etapa, os pelos se tornaram um
entrave evolutivo, e foram pouco a pouco descartados.
4 – Como aconteceu nossa diáspora?
Já é famosa a postulação de que os hominídeos partiram da África em
direção a outras regiões do planeta. Há cerca de 1,8 milhões de anos
houve ancestrais na Ásia e há uns 800 mil na Europa, mas estas espécies
primitivas foram extintas. O ser humano se expandiu a partir do
continente africano há cerca de 65 mil anos, um feito inédito para
qualquer espécie animal.
Uma das explicações para a diáspora foi a instabilidade climática que
a África vivenciava naquela época. O que estimulou o crescimento
populacional foram as conquistas materiais dos hominídeos, tais como o
domínio do fogo e tecnologias rudimentares de defesa, transporte e
obtenção de alimento. O fato de andar, conforme explicam os cientistas,
não era suficiente. Era preciso saber transformar os novos ambientes
conquistados.
3 – Alguns humanos podem ser “híbridos”
A ideia de que todos os humanos de hoje possuem uma genética
descendente de um ancestral único parece ser um erro. Estudos recentes
mostram que os melanésios (etnia que habita ilhas no Pacífico Sul) têm
7% dos genes derivados do Hominídeo de Denisova, espécie primitiva
descoberta recentemente, que teria sido extinta na região onde hoje está
a Sibéria, na Rússia.
Isso significa que diferentes espécies ancestrais do homem teriam
acasalado entre si, e algumas diferenças de DNA permanecem até hoje.
Dessa maneira, a grosso modo, nem todos seríamos completamente Homo sapiens. Mas estas teorias nunca foram completamente confirmadas e ainda enfrentam grande contestação da comunidade científica.
2 – Ainda há outros hominídeos vivos hoje?
Provavelmente não. Embora haja lendas tais como o “Pé Grande” ou o
Iéti (abominável homem das neves), de criaturas que lembram humanos,
nada passou perto de ser comprovado. As supostas pegadas do Pé Grande
(que habitaria a América do Norte), por exemplo, parecem ter sido
simplesmente impressas por ursos, de acordo com pesquisas recentes.
Apesar disso, alguns sinais apontam para a ideia de que certas espécies coexistiram com o Homo sapiens mesmo depois que ele já havia superado os estágios evolutivos e as espécies primitivas “clássicas”, como o Homo erectus, já estavam extintas há muito tempo. Uma delas, o Homo florensis, foi descoberta da Ilha de Flores, na Indonésia, e teria vivido há até 18 mil anos atrás.
1 – Nós matamos os Neandertais?
Aparentemente, a culpa para a extinçao dos Neandertais recai justamente sobre os ancestrais do Homo sapiens
moderno. Os Neandertais teriam se instalado há mais de cem mil anos em
cavernas da Rocha de Gibraltar, na Espanha, e de lá se espalharam pela
Europa e Ásia. Quando chegou a nossa vez de se expandir a partir da
África, no entando, teríamos levado doenças que dizimaram pouco a pouco
os Neandertais, até sua extinção há cerca de 24 mil anos.
O cérebro deles, conforme apontam os estudos, era de tamanho
semelhante ao nosso. O que determinou nossa “vitória” sobre eles na face
da Terra, no entanto, teria sido diferentes atribuições da massa
cerebral: enquanto eles dedicavam boa parte a habilidades como a visão
noturna, nosso cérebro foi programado para tarefas mais versáteis em
termos de adaptação. Dessa maneira, eles sucumbiram.
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